E enquanto tocava aquela música, quando chegava o refrão, quando emendava palavra em palavra, que, sendo tão melodia, não deixava de ser significado, de ser sentido, sentida; era sempre o mesmo jeito de perceber que as coisas gritam de longe, porque passam, e o que chega é o eco, e eco é sempre triste, porque supõe uma curva no tempo, inevitavelmente descendente no final. O que pode ser isso que ganha forma numa música, sem deixar de ser etéreo, mas gatilho de tanta lembrança esfumaçada, carregada de matéria que foi? Aí André gritou:
- Vai, Luísa. Experimenta, Luísa. Vê se não acontece com você.
A melodia, primeiro. A gramática, depois.