O abraço, de novo

O abraço, de novo

Da última vez
a gente se olhou de longe
soprando dois beijos
Quem sabe
aconteceu
de se cruzarem, soltos,
no meio do caminho?

O que tinha de rotina
num gesto de despedida
O toque macio do capuz
do moletom
eu visto agora
fracassando em roubar pra sempre
o que existe
só e quando é dos dois

Ficamos
Eu fiquei
manco, com os dois braços
caídos, rentes ao corpo
inventando um eixo
que eu não tenho mais

Era assim agora
vazio e arrastado
sem a promessa
do abraço
sequer do último
esvaziado
por conta de tudo, maior
que não vai ser

de novo