"Deus vai te derrubar" _MG_3131

Essa é provavelmente minha favorita da série. Não sei se o Lucas se deu conta - imagino que não - , mas existe alguma coincidência no fato de a garota vestir a camiseta com um "I love" alguma coisa. No álbum em que Estela mantém as fotos do que não vai se repetir, nem de um jeito diferente; em que aparece a imagem dela com Gabriel, seu professor; a fã de Bowie guarda a lembrança da hora e da vez diante do letreiro "I amsterdam", bem no estilo das camisetas que estampam o amor do turista programado. A foto cresce quando revela um flagra cotidiano, quando descobre o que pode restar de surpresa naquilo que parece inevitável. 

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Tem ainda o número da foto, que mantive propositalmente no título do post. Em Um céu diferente daquele de lá, no conto "Vinte e dois anos", o narrador esboça uma microteoria sobre os números que somam quatro, herdada do convívio com uma amiga japonesa, pra quem os sons de 4 e de morte coincidem. 

É verdade que 3131 soma oito. Acontece que, quando a gente topa brincar de superstição, todo sinal é sinal - e é impossível não ler esse 3131 como dois 4 seguidos. Em "Deus vai te derrubar", Estela vive cercada por um destino quadrado, que não aponta para muitas saídas. 

"Deus vai te derrubar"

"Deus vai te derrubar" é um conto de Até de repente. Pra minha sorte, quando leu o texto, o Lucas Hirai teve vontade de clicar uma série a partir dali. Vou reunir o resultado no blog, com comentários meus, apontando rastros que, na minha imaginação, aproximam um do outro. 

Alguns posts repetem o que escrevi no Instagram. Outros acrescentam pontos, no melhor estilo app sem fio. 

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Em "Deus vai te derrubar", Estela, ajudada por sua enfermeira, faz um trabalho de fotomontagem motivado pelo Poetismo, "movimento" da vanguarda theca. Usa uma foto sua como barco para uma porção de fotos com Estelas menores. Um medo enorme de morrer afogada antes de alcançar a praia.