Há 10 anos, quando estudava Teoria e História da Representação Audiovisual na UAB, em Barcelona, tive a oportunidade de entrevistar Marcelo Masagão para o trabalho que propus à disciplina do professor Josep Català. Usei imagens de Nós que aqui estamos por vós esperamos e lembro bem que, ao final da apresentação, mr. Català estava emocionado e se declarava emocionado. Comentou a respeito de uma exposição em homenagem a Barthes, que vira em Paris, algum tempo antes; falou sobre a melancolia em Barthes e sobre a certeza de que ele se deixara atropelar. Foi assim que li A câmara clara, com um título diferente em espanhol, e saquei um pouco mais a comoção do Català e toda a minha vontade de chorar diante da maestria com que Masagão justapõe as imagens em seus filmes. É pura poesia, puro ensaio de antropologia.