Neste semestre, surgiu a ideia de trabalhar a performance “Sometimes making something leads to nothing” (1997), do Francis Alÿs, como atividade com os alunos do curso de Criação. Num primeiro momento, assistiram ao vídeo que registrou a performance, sem saber que ele retornaria, na aula seguinte, como convite para uma ação, com outras ideias e novos nadas, inspirada no que os próprios alunos sentiram e entenderam a partir do nada original.
O grande lance de “Sometimes…”, pra mim, é o fato de, na performance, o fazer desfazer o sentido do que está sendo feito. Em outras palavras, tão confusas quanto: fazer é desfazer enquanto se faz. Se, no movimento de Alÿs, ressoa um Sísifo e, com ele, todo o eco perturbador de que o nada é a maior condenação da vida, particularmente a humana, que se acredita única na hora de descobrir o sentido do mundo e das coisas; no nosso, capturado no vídeo abaixo, o nada é uma homenagem e uma resignação. Esvaziar de sentido para mostrar que já é tudo vazio, em loop, termina sendo um exercício que, estranhamente, acomoda, em vez de desesperar.
Nosso nada, realizado:
A performance de Alÿs: