As culturas que conheci de perto têm indisfarçável fascínio pelo falso, pela farsa, pela habilidade de fazer passar por fato o que é fingimento, ficção. Poucas vezes, pelo menos que me lembre, pensei o Brasil tão dentro desses moldes, tão talhado na mentira. O próprio excitamento diante do marketing da "pós-verdade", a proliferação de artigos acadêmicos com o tema, parece traduzir o derrame generalizado de certo bálsamo encantatório sobre a capacidade do país em distinguir uma intenção honesta. Estamos mergulhados no truque, seja no estado, no mercado ou na academia.
Por isso, acho, veio tão a calhar essa matéria que li, na Works that work, sobre o Recto, reduto da falsificação liberada em Manila, na Filipinas. Recomendada.