liminoide, juventude e culturas do contra November 9, 2017 “Entre inúmeras tribos da América do Norte, o prestígio social de cada indivíduo é determinado pelas circunstâncias que envolvem as provas a que os adolescentes devem se submeter na puberdade. Alguns abandonam-se sem comida numa jangada solitária, outros vão buscar o isolamento na montanha, expostos aos animais ferozes, ao frio e à chuva. Dias, semanas ou meses a fio, dependendo do caso, eles se privam de alimento, comendo apenas produtos grosseiros, ou jejuando por longos períodos, agravando inclusive o debilitamento fisiológico com o uso de eméticos. Tudo é pretexto para provocar o além: banhos gelados e prolongados, mutilações voluntárias de uma ou de várias falanges...(...)Pois não se trata, nessas tribos das planícies ou do planalto norte-americanos, de crenças individuais que se opõem a uma doutrina coletiva. A dialética decorre dos costumes e da filosofia do grupo. É no grupo que os indivíduos aprendem sua lição: a crença nos espíritos guardiões é própria ao grupo, e é a sociedade inteira que ensina a seus membros que, para eles, só existe oportunidade, no seio da ordem social, à custa de uma tentativa absurda e desesperada de saírem dela. (LÉVI-STRAUSS, 2017, p.40-41)” — Tristes trópicos, Claude Lévi-Strauss (1955) Larry Clark, "Tulsa" (1971)