Num dos exercícios que fizemos no curso de (re)escrita (re)criativa, no CCSP, costuramos um procedimento do Arp, dadaísta dos que originalmente habitaram o Cabaret Voltaire, com um poema de Ricardo Reis. Substituímos algumas palavras do poema do Pessoa por outras colhidas, aleatoriamente, de uma edição da Folha.
Depois desse aquecimento, falamos um pouco de Schwitters e da poesia Merz, que, a exemplo do seu trabalho "plástico", também se alimentou dos descartes da cultura industrial. Lemos seu poema "Coleta de lixo na Kaiserstrasse" e, por aproximação temática, pensamos o "Matéria de poesia", do Manoel de Barros. Estimulados por esses movimentos e entrelaçamentos, três dos participantes da oficina criaram textos, em formatos livres, a partir de ideias, materiais, documentos e lembranças descartadas.
O resultado foi pura poesia: a segunda vida dos restos que escrevem o mundo.